História do Circo

Pode-se dizer que as artes circenses surgiram na China, onde foram descobertas pinturas de quase 5.000 anos em que aparecem acrobatas, contorcionistas e equilibristas. A acrobacia inclusive era uma forma de treino para os guerreiros de quem se exigia agilidade, flexibilidade e força. Com o tempo, a essas qualidades se somou a graça, a beleza e a harmonia.

Em 108 a.C., na China houve uma grande festa em homenagem a visitantes estrangeiros, que foram brindados com apresentações acrobáticas surpreendentes. A partir daí, o imperador decidiu que todos os anos seriam realizados espectáculos do género durante o Festival da Primeira Lua. Até hoje os aldeões praticam malabarismo com espigas de milho e brincam de saltar e equilibrar imensos vasos nos pés.

Nas pirâmides do Egipto existem pinturas de malabaristas e paradistas. Nos grandes desfiles militares dos faraós se exibiam animais ferozes das terras conquistadas, caracterizando os primeiros domadores.

Na Índia, os números de contorção e saltos fazem parte dos milenares espectáculos sagrados, junto com danças, música e canto. Na Grécia as paradas de mão, o equilíbrio mão a mão, os números de força, as paradas de mão e o contorcionismo eram modalidades olímpicas. Os sátiros faziam o povo rir, dando continuidade à linhagem dos palhaços.

O Circo Máximo de Roma apareceu pouco depois, mas foi destruído num incêndio. Em 40 a.C., no mesmo local foi construído o Coliseu, onde cabiam 87 mil espectadores. Onde eram apresentadas excentricidades como homens louros nórdicos, animais exóticos, engolidores de fogo e gladiadores, entre outros. Porém, entre 54 e 68 d.C., as arenas passaram a ser ocupadas por espectáculos sangrentos, com a perseguição aos cristãos, que eram atirados às feras, o que diminui o interesse pelas artes circenses.

Os artistas passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. Durante séculos, em feiras populares, barracas exibiram fenómenos, habilidades incomuns, truques mágicos e malabarismo.

No século XVIII, vários grupos de saltimbancos percorriam a Europa, especialmente na Inglaterra, França e Espanha. Eram frequentes as exibições de destreza a cavalo, combates simulados e provas de equitação.

 

No mundo do entretenimento, o circo ocupa uma posição privilegiada entre todas as formas de diversão existentes. Mesmo em tempos de rádio, TV e internet essa antiga arte ainda atrai a atenção de muitos espectadores. Circulando por espaços da cultura erudita e popular, a arte circense impressiona pela grande variabilidade de atracções e o rico campo de referências culturais utilizado.

De fato, o circo demorou muito tempo até chegar à forma sistematizada por nós hoje conhecida. Somente no século XVIII é que o picadeiro e as mais conhecidas atracções circenses foram se consolidando. Na China, vários contorcionistas e equilibristas apresentavam-se para as autoridades monárquicas chinesas. Em Roma, o chamado “Circo Máximo” era o local onde as massas plebéias reuniam-se para assistir às atracções organizadas pelas autoridades imperiais.

Na Idade Média, vários artistas saltimbancos vagueavam pelas cidades demonstrando suas as habilidades ao ar livre em troca de algumas contribuições. O primeiro a sistematizar a ideia do circo como um espectaculo de variedades assistido por um público pagante foi o inglês Philip Astley. Em 1768, ele criou um espaço onde, acompanhado por um tocador de tambor, apresentava um número de acrobacia com cavalos.

Com a expansão de seu empreendimento, Astley passou a contar com vários outros artistas. Dado o sucesso de suas atracções, sua companhia passou a apresentar-se em Paris. Nessa época, o domador Antoine Franconi ingressou na companhia de Astley. A instabilidade causada com os arroubos da Revolução Francesa, em 1789, forçou Astley a abandonar a França. Com isso, Franconi tornou-se um dos maiores circenses da França. Com o passar do tempo, a tradição itinerante dos artistas circenses motivou a expansão das companhias de circo.

No século XIX, o primeiro circo atravessou o oceano Atlântico e chegou aos Estados Unidos. O equilibrista britânico Thomas Taplin Cooke chegava com o seu conjunto de artistas na cidade de Nova Iorque. Com o passar dos anos, a sua companhia transformou-se numa grande família circense que, ao longo de gerações, disseminou o circo pelos Estados Unidos.

A grande estrutura envolvendo o espectáculo circense, trouxe o desenvolvimento de novas tecnologias ao mundo do circo. As constantes mudanças de cidade em cidade incentivaram a criação de técnicas logísticas que facilitavam o deslocamento dos espectáculos. Tais técnicas, devido sua grande eficácia, chegaram a despertar o interesse dos altos escalões militares que se preparavam para os conflitos da Primeira Guerra Mundial.

Na Europa, até metade do século XX, o circo sofreu um período de grande retracção. As guerras mundiais, ambas protagonizadas em solo europeu, e as crises económicas da época impuseram uma grande barreira às artes circenses. Ao mesmo tempo, o aparecimento do rádio e da televisão também inseriu uma nova concorrência no campo do entretenimento. Mesmo com o advento das novas tecnologias, o circo ainda preserva a atenção de multidões.